E é o fim do Batman, ou o fim do Nolan? Fiquei muito na dúvida.

 Depois de uma sessão de cinema inusitada e noturna (não, não vi o Batman ao vivo por causa disso!) num cinema que nem precisava de 3D (e não tinha mesmo!), devido a tantos defei efeitos-especiais no áudio e, sim, na própria sala, que rangia, tremia, gritava, senti-me saído de um show de emoções. Mas o pior é que isso foi bom, de um jeito torto, mas foi. Eu queria reclamar disso, mas como disse, isso até mereceu elogio. O gosto amargo ficou mesmo a cargo do filme: The Dark Knight Rises. Vamos aos porquês e mimimis.

 Antes de mais nada, havia assistido aos dois primeiros filmes desta trilogia meio forçada (é, afinal é moda agora todo filme ser trilogia, pelo amor de Deus!). O Nolan, ohhhh Nolan, poderia ter encerrado a historinha do seu Cavaleiro das Trevas perfeitamente com o segundo filme mesmo, ou sei lá, inventado outra coisa. Só sei que o terceiro capítulo da saga do Batman que fala engraçado/engasgado/atolado "termina" de uma forma bem desagradável (pelo menos para mim, desculpem se ofendo, tá?). Vou falar agora sobre o filme e sobre minhas opiniões acerca de certas coisas, então preparem-se, pois *MESMO QUE EU NÃO DIGA SPOILERS VOCÊ PODE ACHAR QUE LEU UM. E CREIO QUE FALAREI MESMO, MUITOS, ENTÃO DEPOIS NÃO DIGA QUE NÃO AVISEI!* ;)


 Começando bem clichéd, ou melhor, pelo início mesmo do filme, somos, de cara, atirados a uma cena num avião que aparentemente está sendo sequestrado por terroristas/mercenários, e, claro, à primeira aparição de Bane (o vivivivivivivivilão). A cena foi TÃO descaradamente "A Origem" que eu até ri na hora (eu gosto muito de A Origem, e não vejo nada demais em Nolan ter utilizado resquícios de seu filme-sucesso-de-público-e-crítica, mas o problema é que isso não acaba por aqui). Percebe-se logo que Bane é daqueles personagens que "chegam pra assustar e causar", tipo, se eu cheguei tudo para. É mais ou menos isso. É como se estivessem forçando sua aparição, não sei, mas deu a entender isso no filme inteiro, afinal Bane é o seu protagonista. Esqueçam o Batman! Quem é Batman nesse filme? Não gosto da atuação do Christian Bale, mas ele ÉEE O BATMAN, que fala engraçado, mas é. E esse "final" era pra ser dele, poxa. Mas infelizmente o Batman só aparecerá (no filme inteiro) em cenas cafajestes de melodrama barato e diálogos "quero-ser-profundo", OUU, sendo enganado (ahhh, enganos!), OUU apanhando. SIM! O nome do filme deveria ser The Dark Knight Falls in the Street, seria mais certo.

 Um pouquinho depois, BAM, aparece Anne Hathaway vestida de empregadinha-de-ricaço e pensamos "ela vai fazer a mesma coisa de O Diabo Veste Prada? Pois está parecendo". Bem, puro engano, pois a moça acertou em cheio na interpretação sutil, porém eficiente, da Mulher-Gato. Ela logo mostra a que veio, numa cena "enganei o bobo na casca do ovoo" com o ricaço chato Bruce Wayne (que já começa o filme letárgico e até leva uma rasteira da Mulher-Gato, que eu achei bem empregada!). E falando em Mulher-Gato, foi uma das únicas coisas (que até conto nos dedos) que me agradou no filme, afinal ela É a Mulher-Gato, não é aquela Mulher-Rabo, interpretada pela coitada da Halle Berry naquele filme assombroso que jaz no poço da Samara. Amém! Enfim, Anne deu uma consistência única a uma personagem que até hoje é lembrada pela eterna Michelle Pfeiffer, que nos anos 90 interpretou a adoradora de gatinhos maluquinha no Batman de Tim Burton. Eu simplesmente adorei a atuação da Anne. Ela luta, ela é elástica (sim!), ela está impactantemente linda, e mais, ela não precisa de tutoriais (é quase um Machete, que só manda SMS). Ela é simplesmente foda!

 E sim, neste filme preparem-se também para uma adaptação descarada (olha, eu não estou exagerando, é porque é tudo descarado mesmo no filme) do roteiro do último game de Batman lançado, o Batman: Arkham City, e sim, também de seu anterior, Batman: Arkham Asylum. Tudo bem, o Arkham não irá aparecer no filme, e o Coringa sequer é citado (quem é o Coringa neste filme?), mas está praticamente tudo lá: a enxurrada de vilões soltos na esquina, os roteiros intercalados, os milhares de detalhes. Enfim, tudo isso seria magnífico (seria!), afinal os dois games que citei, na verdade, tiveram os melhores roteiros para uma história de Batman que vi até hoje (tanto em games quando em filmes!). Não é à toa que são considerados os melhores games de um super-herói de sempre. Temos até a volta de Ra's Al Ghul (não vou falar mais porque sim, seria um SPOILER MALIGNO) no filme, mas, na verdade, é essa viajada de flashbacks a todo momento que também acaba com o filme. Afinal Al Ghul aparece "muito" no primeiro longa desta trilogia de Batman, mas ele deveria ter ficado só por lá mesmo. O diretor, Nolan, quase que obriga o telespectador a ver os dois primeiro filmes para entender sua finalização, pois tem MUITA retomada, muita. E você precisa estar atento. Não acho que isso seja realmente um defeito do filme, afinal todo mundo tem que vender seu peixe, mas ficou chato. Digo logo!

 Eu falei do Coringa, não foi? Enfim, não se animem. Você não verá um holograma postmortem do Heath Ledger dizendo "Why so serious?" no filme. O Coringa não é nem citado! Achei isso um erro catastrófico, afinal, é falado de praticamente todos os vilões que apareceram nos filmes anteriores (além dos que nunca apareceram). O filme fica falando inicialmente de Harvey Dent (o Duas-Caras) o tempo todo somente através de FOTOS. Então, cadê o Coringa, que quase destruiu Gotham sozinho no filme anterior? Que fez o Batman decidir entre sua amada e um carinha legal e "do povo" naquela dramática cena das explosões nos depósitos? Isso foi um hiato cruel, que provavelmente será desculpado pelo tabu/pudor/medo de citar o personagem de alguém que morreu. Isso não deveria ser tão significativo nos tempos de hoje, afinal, o que isso significaria? Isso seria um desrespeito ao Ledger? Eu acho que não, muito pelo contrário! Seria uma homenagem muito bem vinda a ele e ao personagem que fez sua carreira decolar. Mas enfim, coisas da 7ª Arte.

 Agora falando das cenas de ação e da duração do filme, só uma coisa: EXAGERADO. Tudo foi exagerado. É praticamente aquela música de Cazuza, sem brincadeira! E muitas cenas de ação pareceram forçadas, e meio que jogadas no filme para nos fazer acordar, é, entre um cochilo e outro o Nolan pensou "ACORDA! BAM!". Foi isso. Pelo menos ele pensou nisso. Não sei se quem viu, ou ainda verá o filme, percebeu, mas tiveram muitas cenas (principalmente de tiros e socos) que ficaram descontinuadas, ou melhor, mal feitas. Por exemplo, estou metendo bala no painel da Bolsa de Valores de Gotham, e as faíscas saem em outro lugar, ou depois de um tempo que o tiro foi disparado, e pior, toda faísca desse filme é igual, seja onde for que você atirou. Outro exemplo: dei um soco, SLAPT, e o som saiu atrasado, ou o murro, que era pra fazer o cara cair ali, fez ele cair aculá. Ainda tem as coreografias de luta bizarras onde os danç participantes se jogam no Batman, tipo, "É AGORA A MINHA VEZ DE APANHAR, VAI!". É tudo tão cafajeste, que eu penso seriamente se o Nolan queria mesmo isso. Se ele queria fazer filme B, que pedisse um orçamento menor, e doasse o resto para alguma instituição de caridade. A outra coisa fica a cargo das longas duas horas e quarenta de filme. "Mas ei!", você grita, "O anterior também foi enorme e você não reclamou!". Aí que eu digo "Ei, o segundo valeu a pena, este não. Fica a dica".

 Humm, tem mais alguma coisa que eu posso escu criticar no filme? Claroooo que tem. De onde o Nolan tirou algumas das interpretações deste filme? Ele tinha ído tomar café e deixou o povo brincando de ser ator/atriz no set, foi? O que foram aquelas cenas finais da Marion Cotillard (a Miranda Tate, no filme)? Além do fato de ela aparecer só para dar foras nos caras OU... hehe, OUUU, quem não viu verá. Enfim, ela sempre atuou tão bem nos filmes dos quais participou, eu me assustei bastante. E como já disse, tudo soa muito despreocupado neste longa. Parece que o Nolan reuniu todo mundo para brincar no parquinho da sua casa e deixou a coisa rolar. Não só na "brincadeira", mas na criação da mesma. Afinal ele faz um emaranhado tão grande do universo do Batman, que chega dá agonia. Tem gente que ele resolveu unir, tem gente que ele simplesmente tirou de alguma edição especial do Homem-Morcego e jogou lá, e muitas outras coisas. O final bombástico-revelador, que na verdade não tem nada disso, pois tudo indicava para tal (quem leu as HQs sabe o que Ra's Al Ghul tinha, só estava esperando saber se o Nolan havia mesmo trocado os órgãos genitais dos mesmos), ficou tão meia-boca. Além do final-final mesmo, aquela última cena, sabe? Quando eu digo que esse filme deveria ser continuação direta de A Origem ninguém acredita. ;)

 E, mais alguma coisa? Cadê os comentários sobre a coluna quebrada do Batman? Tem o Robin? Essas coisas realmente existem no filme? É melhor eu não falar nada. Pelo menos essas coisas ainda podem fazer a curiosidade atiçar alguém a ponto de ainda surpreender-se com o filme. Comprem o peixe do Nolan, pelo menos ele tentou. Eu acho. E teve muita gente que gostou do filme mesmo.

 Olha, você pode ter odiado essa review e gritar "MAS NO IMDB ELE TÁ COM NOTA 9!". Não tenho nada a ver com isso, tá? Eu não sou pago pelas grandes produtoras (nem por ninguém, diga-se de passagem hehe) para dar notas altas para seus filmes, ou simplesmente não gostei do filme o suficiente para falar bem dele. Se vi coisas boas no filme? Sim, vi. Pouquíssimas, mas vi. Além de que achei uma sessão divertida. Mas para o encerramento de uma franquia que estava dando certo no cinema, dizer que foi bom? Não é o final tortuoso de Mass Effect 3, mas foi ruim da mesma forma. E se fosse para dar uma nota para este filme, hehe, deixa para lá. Vejo vocês no próximo post!